A história era quase uma lenda urbana na época: uma versão de Tetris para o Nintendinho alternativa à oficial, com modo para dois jogadores e intermissões com dança cossaca.
Parece zoeira, né? Será que o jogo era real, ou só uma daquelas pegadinhas de 1º de Abril, tipo Sheng Long em Street Fighter 2?
Vamos descobrir juntos! Bem-vindos a mais uma sessão Nostalgia.
Origem conturbada
A Atari, uma das pioneiras da indústria, havia assinado um contrato de direitos de lançamento do jogo Tetris para o NES através da subsidiária Tengen. Cerca de 500 mil cartuchos foram produzidos, e uma página inteira no jornal USA Today foi reservada para o anúncio do jogo.
O problema é que a tal detentora dos direitos, que convenceu a Atari a assinar o contrato, não era exatamente dona de nada. A Nintendo, nesse meio tempo, negociou os direitos de Tetris – com os donos verdadeiros – e criou sua própria versão do jogo para NES e Game Boy.
E a Atari, que já travava uma guerra de bastidores com a Nintendo, foi obrigada a fazer recall daquelas milhares de fitas que havia fabricado. Já as (aproximadamente) 50 mil cópias que chegaram a ser vendidas tornaram-se valiosos itens de colecionador.
Tá, mas e o jogo?
O grande atrativo do Tetris da Tengen é sem dúvida o multiplayer, que a Nintendo não incluiu em sua versão. Além do modo versus, há ainda uma opção co-op em que os dois jogadores limpam as mesmas linhas. E esses modos também podem ser apreciados pelo jogador solo, com ajuda do computador (ou contra ele).
Na parte gráfica, a Tengen aposta em cores fixas para cada peça em um fundo predominantemente preto, ao contrário da versão Nintendo, que usa paletas temáticas por nível e abusa um pouco demais da borda cinza no cenário.
A tela título no jogo da Tengen impressiona mais com a Catedral de São Basílio em meio aos fogos de artifício, e os dançarinos celebrando o final das rodadas viraram símbolo máximo das diferenças entre as duas variantes.
Nenhuma versão superior
Quase transformamos o artigo em um mini Versus, né? E assim como naquelas disputas, o vencedor aqui não fica necessariamente claro.
A versão Nintendo tem suas vantagens, além de ser a única oficial.
As peças de jogo são visivelmente compostas por formações de quatro quadrados – tetraminós –, o que ajuda bastante na identificação de espaços. Já o lado Tengen usa peças lisas com efeitos de sombreado, o que pode confundir o jogador em níveis de dificuldade altos.
Além disso, a disposição de informações na tela é mais concisa no jogo da Nintendo, com o campo centralizado e a próxima peça mostrada logo ao lado.
Na produção da Tengen, o campo fica sempre na lateral, mesmo em modo solo, e a próxima peça nos força a desviar os olhos lá pra cima na borda da tevê.
E é bacana ver personagens conhecidos como Mario, Samus e Donkey Kong aplaudindo o jogador no final, bem como a sequência de lançamento do foguete.
Vencedor: Empat—desculpe, categoria errada!
Diz aí, Tetris é o seu puzzle favorito? Eu tenho dúvidas entre Tetris – talvez DX – e World of Goo, que pra mim sempre pareceu subestimado nas discussões sobre o gênero.
Leia também sobre outros gigantes do Nintendinho, como Life Force e DuckTales!
Até mais!