Em 1998, o esquadrão tático da polícia de Raccoon City – o S.T.A.R.S. – foi acionado para investigar uma série bizarra de homicídios: as pessoas tiveram rosto e outras partes do corpo devorados. Durante a investigação, eventos ainda mais misteriosos se sucederam e a equipe Bravo perdeu contato com a base.
O time Alpha do S.T.A.R.S., liderado pelo capitão Albert Wesker, se prontificou para averiguar o que de fato aconteceu com seus colegas. Chegando no local do chamado, os Alpha foram atacados por cães aparentemente raivosos e refugiaram-se no único abrigo que encontraram ali no desespero: uma mansão.
Jill Valentine, Chris Redfield – ambos personagens jogáveis – e Barry Burton completam o elenco principal, agora preso em um ominoso casarão que não parece tão mais seguro que o lado de fora.
Resident Evil revolucionou o survival horror já em sua estreia, com uma corajosa mistura de direção cinematográfica e limitações de gameplay propositais que alimentam a atmosfera opressiva do jogo.
Vamos relembrar?
Bem-vindos ao nosso Especial Resident Evil!
Origem em casa
Resident Evil é um survival horror, gênero que nunca teve uma definição incontestável, mas com um conjunto de aspectos minimamente familiares em seus jogos. Alguns survival horror possuem foco em combate, outros só forçam o protagonista a fugir de uma ameaça.
Resi está ali no meio dos dois extremos, incentivando o jogador a calcular seus passos ao mesmo tempo que junta armas e munição para lidar com o que for possível pelo caminho.
A franquia Alone in the Dark certamente tem sua parcela de crédito na concepção de Resident Evil, em especial os ângulos fixos da câmera e o sistema de inventário adaptado dos adventures clássicos como Maniac Mansion.
Mas de acordo com Shinji Mikami, criador da série, Resident Evil foi inspirado originalmente em um RPG da própria Capcom que não fez tanto barulho: Sweet Home.
Lançado para o Nintendinho em 1989, Sweet Home é baseado no filme homônimo sobre um grupo de documentaristas que se aventura em uma mansão assombrada.
Apesar de ser um RPG, Sweet Home tem várias semelhanças com o Resident Evil que passamos a conhecer, como recursos escassos, diários espalhados pelo mapa que ajudam a solucionar o quebra-cabeça da trama, e o ambiente da mansão cheio de criaturas misteriosas. Até mesmo o final do jogo varia conforme o número de sobreviventes, assim como em Resi 1.
Apresentação e design alinhados
Da mesma forma que um filme de terror não é eficiente sem a construção meticulosa do suspense, um jogo de terror exige que o medo seja transmitido através da interatividade.
Tendo esse compromisso em mente, os designers tomaram decisões que em qualquer outro gênero seriam consideradas falhas, mas que aqui trabalham para nos mergulhar em um cenário amedrontador e sufocante.
O controle de tanque não é nada prático numa situação de luta pela vida.
O movimento é sempre relativo à posição do personagem, com marcha ré e tudo, como se fosse tanque de guerra mesmo. Há a justificativa da câmera, permitindo alternar os ângulos fixos sem sacrificar a fluidez do movimento. Mas a intenção real é nos arrancar da zona de conforto à força.
Além disso, os ângulos não mostram toda a ação naquele momento, sendo bem comum receber um ataque 100% imprevisível. O cuidado ao contornar cantos e explorar novos cômodos da casa precisa ser dobrado.
Apesar do conceito nada piedoso, é inegável que as escolhas acima aumentam a tensão da aventura, acompanhadas ainda por um labirinto complexo, por uma história intrigante e pelo ótimo audiovisual, que nos transporta para esse mundo sombrio em cada detalhe.
Feito e refeito
Resident Evil teve vários relançamentos ao longo dos anos, o mais notável deles sendo o espetacular REmake de 2002, que na maioria dos aspectos superou o original.
Mas sem contar a reimaginação completa do jogo, a versão ideal do Resi precursor foi a Director’s Cut para PS1, que inclui um novo nível de dificuldade ainda mais brutal, com itens e inimigos redistribuídos pelo mapa.
Director’s Cut é melhor até que a versão seguinte, a Dual Shock, que tem uma das trilhas sonoras mais incompatíveis com um survival horror e que faz do re-relançamento um dos Top 9 piores Resident Evil. Se quiser machucar seus ouvidos, procure lá no YouTube uma amostra dessa catástrofe.
Outra variante que merece destaque é a do Nintendo DS, intitulada Deadly Silence, que mostra o mapa e a condição física dos personagens o tempo todo na segunda tela e apresenta novos puzzles envolvendo as funções exclusivas do portátil.
Terror duradouro
O ambiente da mansão Spencer e o desafio fazem de Resident Evil uma experiência satisfatória até hoje – em particular a versão Director’s Cut –, contando também com um toque não-intencional de humor nos diálogos e a apresentação que se tornou a ‘cara’ daquela era poligonal.
Os modelos 3D em fundos pré-renderizados disfarçam bem as fraquezas da tecnologia da época, bem como as portas animadas que mascaram o loading em cada sala.
O primeiro jogo da série ainda tem atrativos suficientes para se sustentar, figurando facilmente entre os melhores jogos de Resident Evil já produzidos.
E aí, qual a sua opinião sobre o Resi original? Ficou traumatizado com a introdução do primeiro zumbi, virando devagarinho a cabeça? Nós ficamos, tanto que esse mini pesadelo aí entrou no nosso Top 9 cenas de Resident Evil sem nem pensar.
Até mais!