Reverenciados até hoje, Chrono Trigger e Final Fantasy 6 – ou III na versão americana – foram desenvolvidos pela Squaresoft na mesma época, para o mesmo sistema e praticamente com o mesmo sucesso. Vamos comparar?
Neste duelo, serão analisadas as categorias:
- Mecânica: as principais interações entre jogador e jogo
- Estrutura: o ‘esqueleto’ do game; como os objetivos e as áreas são distribuídos
- História: cenário, trama e personagens
- Audiovisual: arte, música, detalhes de apresentação
- Conclusão
Ao final de cada categoria será declarado um vencedor, e na conclusão final teremos um campeão.
Chrono Trigger e Final Fantasy 6 são duas obras belíssimas, então ó, já segue o aviso: é quase impossível encontrar defeitos que coloquem um desses jogos tão na frente. Uma vitória em certa categoria não significa que o outro título seja ruim nela.
Ah, outra coisa importante: este artigo contém spoilers! Recomendo ler somente se você já zerou os dois competidores.
1. Mecânica
Os dois jogos usam o mesmo sistema de batalha, com uma ou outra variação que não puxa tanto a vantagem pra um lado. Mas os confrontos em Chrono Trigger são mais elaborados. Há maior atenção a fraquezas e estratégias únicas para combinações de inimigos. Os monstros que contra-atacam quando seus pupilos são atingidos e os martelos inflamáveis são ótimos exemplos.
Além disso, Chrono Trigger não possui encontros aleatórios; o exército inimigo está sempre visível, o que ao menos suaviza aquela pasmaceira típica dos RPGs de não poder dar dois passos sem tropeçar numa batalha.
Vencedor: Chrono Trigger
2. Estrutura
Final Fantasy 6 é um jogo mais aberto. O número de personagens jogáveis é maior e, por consequência, também são as possibilidades de formação de equipe.
O dirigível amplifica a sensação de liberdade, permitindo explorar o continente todo relativamente cedo.
E claro, há a chocante reviravolta na segunda metade do jogo. O êxito provisório de Kefka muda a disposição dos territórios e espalha os heróis por todos os cantos do Mundo da Ruína, necessitando recrutá-los um a um novamente.
A última fortaleza do jogo, inclusive, surge imediatamente no mapa arruinado e fica disponível o tempo todo, sendo decisão inteira nossa buscar mais forças ou tentar encerrar o domínio de Kefka o quanto antes.
Mas Chrono Trigger não fica atrás. O diferencial da estrutura de Chrono são os 13 finais, que lembram estações de trem: se o jogador quiser terminar a história em tal ponto da viagem, acontece um desfecho específico ali. A estação mais distante requer um planejamento maior, mas oferece um desfecho mais gratificante.
A aventura de Crono tem mapas e dungeons muito bem desenvolvidos, com atrações encaixadas naturalmente em cada era. As quests secundárias são outro destaque: cavernas, monstros e equipamentos opcionais que ajudam a enriquecer a experiência – literalmente, com tanto exp pra abocanhar nesses lugares.
Além disso, Chrono Trigger foi um dos pioneiros do New Game Plus: ao zerar o jogo, ele recomeça com quase todos os itens e levels conquistados na jornada anterior.
Vencedor: empate!
3. História
Chrono Trigger faz bom uso do conceito de viagens no tempo, e o jogo soube introduzir cada era no momento apropriado. A decisão de mostrar o futuro apocalíptico no começo da história, por exemplo, alinha o jogador ao tom de perigo que permeia o restante da aventura.
De qualquer forma, não é fácil competir com a carga emocional dos eventos trágicos de Final Fantasy 6. Terra, Celes, Cyan, os irmãos Edgar e Sabin; quase todos os heróis têm motivações e revelações de cortar o coração.
E a transformação do Mundo da Ruína é uma daquelas surpresas que não deveriam ser estragadas por um artigo mequetrefe qualquer na internet. Pera lá, não tô falando desse artigo, eu coloquei aviso de spoiler!
Vencedor: Final Fantasy 6
4. Audiovisual
Conhecem um tal Akira Toriyama? O artista criador de Dragon Ball foi o responsável pelo design dos personagens de Chrono Trigger. Não precisava nem falar, só olhar o rosto e a cabeleira da galera. Os sprites traduzem bem o estilo de Toriyama do papel para os pixels, dando um tempo naquele ‘achatado’ característico dos personagens de RPG em 8 e 16-bit.
Das cavernas pré-históricas ao futuro tomado pelo lixo, cada era em Chrono Trigger tem a sua própria atmosfera. O castelo de Magus carrega uma impressão pesada de que algo terrível vai mudar a trajetória dos heróis, enquanto o reino Zeal transmite a rara paz dos céus. E a trilha sonora passeia com elegância por todos esses períodos, resgatando sutilmente em suas notas o tocar de um relógio que conecta todos os tempos.
Não que Final Fantasy 6 não seja excelente nesse quesito, porque é. O jogo já começa com mechs caminhando sob uma tempestade de neve ao som do tema de Terra, um soco no estômago que nos conduz devagarinho pelo mapa até a inevitável e completa destruição daquele mundo.
A apresentação audiovisual de Final Fantasy 6 é de arrepiar.
Mas só pra não ficar em cima do muro, vou de Chrono.
Vencedor: Chrono Trigger
5. Conclusão
Um quase empate. Minha decisão final aqui é menos pela média das categorias e mais pelos confrontos não-aleatórios de Chrono Trigger, que trazem uma fluidez mais natural para a exploração.
Vencedor: Chrono Trigger
Concorda com o resultado? Discorda? Mande sua opinião e sugestões de batalhas nos comentários!
Se quiser acompanhar mais uma guerra entre duas obras-primas, confira Super Mario Bros. 3 vs. Super Mario World.
Até mais!