Nosso Especial Resident Evil continua com um conflito de gerações. Quem leva a melhor: o survival horror clássico, angustiante dos primeiros jogos da série, ou o estilo mais moderno introduzido em Resident Evil 4?
Neste duelo, serão examinadas as categorias:
- Mecânica: as principais interações entre jogador e jogo
- Estrutura: o ‘esqueleto’ do game
- História: cenário, trama e personagens
- Desafio
- Terror: qual estilo dá mais medo?
- Conclusão
Ao final de cada categoria será declarado um vencedor, e na conclusão teremos um campeão.
As várias mudanças de rumo de Resident Evil são controversas, e por muitas vezes escancaram a necessidade da Capcom de aproveitar a força da franquia de qualquer jeito. Já tivemos Resident Evil em formato rail shooter, arena multiplayer e até mesmo VR.
Neste confronto especificamente, vamos priorizar os lançamentos que cobrem a história principal. Jogos como Resident Evil 2 Remake já fazem bem a ponte entre Resi clássico e moderno, mas a ideia aqui é analisar o extremo de cada estilo.
Aviso importante: este artigo contém spoilers de toda a série!
1. Mecânica
Ponto pro estilo moderno. O gameplay clássico é excelente, mas é todo integrado ao layout do mapa e à distribuição de itens. O combate em si é básico, e o controle ‘tanque’ é notoriamente impiedoso. Tudo de propósito, claro; o terror dos Resi antigos não teria aquele impacto se os heróis fossem descendentes do Rambo.
Os jogos recentes oferecem mais opções e estratégia. A ordem do dia é sobreviver com habilidade: destreza e uma boa mira são imprescindíveis para o sucesso aqui. Ao contrário do design anterior, que só permitia apontar a arma para cima ou para baixo, nos jogos modernos temos total liberdade de mira.
Resident Evil 4 introduziu um loop de gameplay viciante com o sistema de golpes por contexto. Atirar na cabeça, chegar perto, Kick! As interações entre jogador, inimigos e obstáculos são inúmeras, e dão ao estilo moderno um valor de rejogabilidade que nem sonhávamos na fase inicial da série.
Vencedor: Moderno
2. Estrutura
Os Resi clássicos são estruturados como labirintos, com um mapa complexo e solucionado progressivamente. Chaves, armas e outros recursos podem ser encontrados, espalhados por esse perigoso recinto, em quantidade escassa. Até mesmo a função save requer um tipo de item consumível, o famoso Ink Ribbon.
De tanto andar pra lá e pra cá, a gente passa a conhecer todos os atalhos do ambiente. Ainda bem, pois os inimigos são implacáveis.
Já os jogos modernos apostam em uma abordagem mais direta, voltada para a ação, com fases lineares em sua maioria. A busca por chaves fica em segundo plano, enquanto a tática de combate e a distribuição de upgrades pulam para o banco da frente.
Talvez essa seja a comparação mais injusta da lista, já que os dois estilos fazem seu trabalho de maneira exemplar.
Vencedor: Empate
3. História
A história em Resident Evil é divertida, mas a trama passou anos se apoiando na solução fácil de ampliar a escala do desastre a cada jogo, como apontamos em nosso Top 9 jogos de Resident Evil.
O vírus novo é mais devastador; o novo antagonista é mais malvado e ri mais ainda (já perceberam isso em Code: Veronica? Os três vilões do jogo têm a mesma risada!); o acidente se transforma em epidemia, que se torna pandemia global. Passa um pouco a impressão de que os roteiristas estão com preguiça de pensar.
Dito isso, a história teve seus melhores momentos no começo da série, quando ainda gerava um fascínio pela escala do vírus. Ver aquela cidade inteira sendo tomada por zumbis e criaturas horripilantes, com uma conspiração ao fundo que envolve polícia e agentes secretos, era um barato.
E a decisão de erradicar o vírus com uma bomba nuclear foi de cortar o coração, aumentando o nosso anseio por aniquilar esses malditos da Umbrella de uma vez por todas.
Por mais que a fase moderna tenha mostrado avanços interessantes, como a transformação de Wesker que o levou ao Top 9 personagens de Resident Evil, o ato mais empolgante da narrativa foi o primeiro.
Vencedor: Clássico
4. Desafio
Os dois estilos incentivam o jogador a percorrer um caminho até o domínio completo do design, de maneira gradual e inteligente, através da familiarização com os conceitos do jogo e da experimentação controlada.
A dificuldade nos Resi antigos gira em torno da administração de recursos. O jogo não é piedoso com displicência ou falta de planejamento; é preciso pensar em cada passo e em suas consequências, mesmo se a distância percorrida for curta.
Nos Resi atuais, geralmente, não há necessidade de conservar munição ou de organizar uma rota segura. Mas os inimigos são mais numerosos, com um leque maior de habilidades, e o combate exige que o jogador estude padrões de movimento e descubra oportunidades para contra-atacar. A dinâmica moderna é mais ou menos alinhada ao gênero Stylish Action.
O desafio é bem feito quando a recompensa é proporcional ao risco, e neste caso, o esforço dos dois estilos é excepcional. Há uma experiência gratificante em ambos os tipos de Resident Evil, seja terror metódico, seja frenético.
Vencedor: Empate
5. Terror
A categoria mais importante! Estamos falando de uma franquia de terror, afinal de contas. E não tem como tirar essa vitória do Resident Evil clássico.
Sim, a série moderna teve seus sustos brilhantes, alguns deles até entrando no nosso Top 9, mas a construção da atmosfera e do suspense é muito mais sutil e impactante nos jogos antigos. Aquela sensação que mistura angústia e curiosidade ao explorar um ambiente hostil é executada de forma impecável em Resident Evil 1, 2, 3 e especialmente no primeiro REmake.
Não leve a mal, a tensão nos títulos pós-Resi 4 é coerente em sua proposta. Um doido nos perseguindo com uma serra elétrica, no meio de uma muvuca de zumb—desculpa, Ganados—, é uma situação de adrenalina pura, e há ali o constante risco de termos a cabeça decepada em um mísero golpe.
Ainda assim, é um risco menos relacionado ao terror do ambiente, cuidadosamente elaborado através do cenário e da apresentação, e mais relacionado ao gameplay imediato naquela etapa do jogo.
Vencedor: Clássico
6. Conclusão
Apesar de todos os aprimoramentos mecânicos e toda a influência que o estilo moderno trouxe para a indústria, a gente acaba identificando Resident Evil mais com o terror, não tem jeito.
A série praticamente definiu o gênero survival horror como o conhecemos, e até hoje os jogos clássicos oferecem uma viagem inesquecível pelo universo do medo.
Que bom que Resident Evil 7 e o remake de Resi 2 se esforçaram tanto para mesclar os designs novo e antigo. Será que Village continua essa fórmula?
Vencedor: Clássico
E você, tem uma preferência entre as duas escolas de terror? Manda aí nos comentários!
Até mais!