Mangá é um termo que surgiu em 1814, nos Hokusai Manga (“Hokusai’s Sketches”), com esboços criados pelo artista Katsushika Hokusai que incluíam paisagens, flora e fauna, vida cotidiana e o sobrenatural do Japão (os desenhos eram feitos de nanquim – pigmento negro e tinta).
O mangá atual que conhecemos se popularizou graças à Osamu Tezuka (“O Deus do Mangá”), após o lançamento despretensioso de Shin Takarajima (“Nova Ilha do Tesouro”) em 1947, trazendo influências de cartoons ocidentais e de quadrinhos clássicos da Disney para a cultura oriental.
Mangás em preto e branco
Quase sempre meio preto, meio branco, em seus primeiros anos de produção em massa, eles deveriam ser entretenimento barato. Era uma época que a impressão à cores era inacessível e, desde a Segunda Guerra Mundial (1 de set de 1939 – 2 de set de 1945), os mangás passaram a ser serializados semanalmente e mensalmente, com impressões de baixo custo, e em papel de baixa qualidade.
Mas e atualmente? O século XXI é a era da tecnologia, onde as pessoas têm acesso a smartphones e tabletes com telas coloridas, e a impressão a cores já não é tão cara…
Por que os mangás continuam sendo publicados em preto e branco?
Muitos mangás atuais recebem páginas coloridas no início de um capítulo (geralmente em capítulos especiais); essas páginas são criadas para serem coloridas pelo mangaká, o que demanda muito tempo e esforço por parte deles.
A indústria do mangá é gigantesca, e como em qualquer outro trabalho, principalmente o que há muita demanda, o artista deve cumprir prazos, e colorir página por página, provavelmente traria inconstância nas publicações.
Outro ponto a ser levado em conta, é que os mangakás são bastante famosos por proteger o seu trabalho.
Mesmo os mais famosos, que chegam a ter dezenas de assistentes auxiliando com letras, tintas, tons de tela e as demais tarefas da criação de um mangá, supervisionam de perto o progresso da obra. Então, contratar “mais gente”, apenas para fazer páginas coloridas está fora de cogitação.
As tentativas de “colorir os mangás” através de reimpressões já existiram, e não foram poucas.
A obra original recebe sombras tonificadas com a intenção de que seja vista em preto e branco. As sobreposições de cores fazem com que tudo fique muito escuro, o efeito artístico não é o mesmo, além de o resultado final ser bastante comprometido. Os mangakás que viram suas obras passarem por esse “processo” não ficaram nada satisfeitos.
Imagine uma HQ em processo reverso, indo do colorido para o preto e branco, provavelmente ficaria bizarro.
Os mangás surgiram em preto e branco, fazem parte da cultura oriental (e um pouco da ocidental) e, além dos artistas, os fãs também gostam deles do jeitinho que estão. Essa “limitação” faz com que os mangakás tenham mais tempo para dedicar às suas obras e criar histórias incríveis.
Talvez em um futuro não tão distante a gente receba obras ocasionais com cores, como parte de um novo tipo de experiência, mas “mangá de verdade” é preto e branco!