O ecossistema de financiamento para startups de base científica e tecnológica (deeptechs) no Brasil evoluiu significativamente nos últimos anos. Atualmente, essas empresas inovadoras dispõem de uma variedade de opções de captação de recursos, adequadas a diferentes estágios de desenvolvimento.
Uma década atrás, o cenário era bem diferente. Startups enfrentavam dificuldades para obter financiamentos mais robustos, muitas vezes tendo que buscar recursos no exterior.
Hoje, o mercado brasileiro oferece um ciclo completo de financiamento, permitindo que as empresas cresçam desde o estágio inicial até rodadas mais avançadas, sem precisar sair do país.
“Se olharmos para o ecossistema de investimento em startups no Brasil há 10, 15 anos, veremos que não era completo. Uma startup que precisasse fazer uma captação de investimentos de série A (a primeira rodada de financiamento após o estágio inicial de investimento, conhecida como série-semente ou seed) ou B (a terceira etapa de financiamento de investidores-anjo) tinha de ir para fora do país e enfrentava muita dificuldade de acessar os instrumentos. Hoje o mercado está supercompleto, ou seja, o ciclo fechou. As startups conseguem inicialmente sair de uma agência de financiamento, como a Fapesp, depois ir para um grupo de anjo, pegar dinheiro de fundos de investimentos e vender a empresa, tudo aqui dentro do Brasil.”
Avalia Flavio Levi Moreira, diretor de investimentos da Anjos do Brasil.
Fontes de financiamento por estágio de desenvolvimento
- Fase inicial:
- Programas como o PIPE da FAPESP;
- Agências de fomento governamentais;
- Crescimento inicial:
- Investidores-anjo (ex: Anjos do Brasil);
- Crowdfunding;
- Expansão:
- Fundos de investimento;
- Bancos de desenvolvimento (ex: Desenvolve São Paulo, BNDES);
- Estágios Avançados:
- Venture Capital;
- Private Equity.
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Estratégias para captação de recursos
Para ter sucesso na captação de recursos, as startups devem:
- Avaliar cuidadosamente o momento oportuno para cada tipo de financiamento;
- Considerar o nível de maturidade e risco do projeto;
- Escolher parceiros alinhados com seus objetivos;
- Diversificar as fontes de financiamento conforme o crescimento da empresa.
Papel das agências de fomento
Instituições como a FAPESP desempenham um papel crucial no estágio inicial das deeptechs. O programa PIPE, por exemplo, já investiu mais de R$ 1 bilhão em projetos de inovação em mais de 160 municípios paulistas.
Novas iniciativas de apoio
A FAPESP tem desenvolvido novas formas de apoio para ajudar as startups a acessarem outras fontes de financiamento após o estágio inicial:
- Participação em fundos de investimentos;
- Cadastramento de redes de investidores anjo;
- Mecanismos de crowdfunding.
Caso de sucesso
Um exemplo notável é a InCeres, uma agritech de Piracicaba que utilizava inteligência artificial para prever a fertilidade do solo. Apoiada pelo PIPE e pelo Fundo de Inovação Paulista, a empresa foi recentemente adquirida pela sueca Husqvarna, demonstrando o potencial de retorno desses investimentos.
Um pouco sobre o financiamento de startups no Brasil
O financiamento de startups no Brasil ganhou força a partir dos anos 2000, com o surgimento das primeiras aceleradoras e fundos de venture capital.
No entanto, foi na última década que o ecossistema realmente se consolidou.
A criação de programas governamentais de fomento, o amadurecimento do mercado de investidores anjo e a entrada de grandes players internacionais contribuíram para formar o cenário atual, onde startups brasileiras têm acesso a um ciclo completo de financiamento, desde a ideia inicial até rodadas milionárias de investimento.
Fonte: Agência SP